Capítulo X-3

— Descendo por aqui, estaremos de volta ao forte Deidon e depois, dai é rapidinho até voltarmos a casa, Phi - Triste com a separação, Elena faz o caminho de volta para a capital, passando pelos locais que visitou com Kairi durante a sua jornada.

— Sobo?

— Me lembro da lista com todos os Pokémon que encontramos, ainda nem tinha minha Pokédex na altura - ela continuava, folheando uma agenda onde havia registado informações durante a aventura.

— Sob? - O lagartinho azul, pressente algo e pula do ombro de Elena.

— Uh? Phi, não se afaste, temos de chegar em Zephyr ainda hoje - ela diz, vendo seu Pokémon se aproximando de um campo de flores .

— Sobwo! - Phi se animava ao cheirar as flores e Elena se junta a ele.

— Lindas, não são? Se chamam Princessia, um tipo de flor que apenas cresce no continente de Illyccia. Simbolizam um tesouro que não pode ser substituído ou um desejo por um futuro melhor para alguém querido - vendo as flores, Elena se recorda de Kairi com saudade.

 — Sobwo - vendo sua treinadora triste, o lagarto colhe uma das princessia e estende-a à garota.

— Para mim? - Ela aceita, vertendo uma lágrima — Obrigada, Phi - sorriu, deixando o pequeno Pokémon azul, feliz.

— Bwu? - De repente, Phi escuta um zumbido que se intensificava a cada segundo. Então, as avista...

— WAAAH! São Beedrill - identificou, Elena, vendo estes grandes Pokémon voadores, vindo em sua direção com enormes ferrões apontados a ela — Phi, vamos correr daqui! - Apressada, ela pega no seu companheiro ao colo e corre pela colina abaixo, sendo perseguida por estes Pokémon — AHHHH! Que droga, Beedrill perseguem quem querem, sem motivo aparente... mas por que é que tive de ser eu?!!! - Gritava, enquanto fugia dos Pokémon mal intencionados. Até que...

— Auuuuraww! - Um Mightyena passa por Elena, indo na direção contrária dela e atacando os Beedrill com um Shadow Ball, o que assusta as vespas, obrigando-as a retirar.

— Uh? Esse Mightyena é o...

— Raw! - O canideo abana a cauda junto da treinadora e logo depois, dos arvoredos, surge uma figura conhecida.

— Ei, Elena! - Chamou, saindo para a luz do sol.

— Eizen! - Identificou, aliviada.

— O que está fazendo aqui? Não estava viajando com sua irmã?

— É... uma longa história...

— Então me conte no meu rancho, venha. Esta é época de acasalamento dos Beedrill, então andam todos mais nervosos - Eizen aponta para a sua carroça e Elena o segue.

Momentos depois, os dois chegam ao rancho de Eizen e o fazendeiro abre uma garrafa de água para a garota, que a bebe quase toda de imediato.

 — Ahhh estava cheia de sede... - comentou, se deixando relaxar na cadeira de madeira enquanto contava a Eizen o que tinha acontecido.

— Sobo!!! - Phi bebia de uma taça em cima da mesa, ele se deliciava com a água.

— Vocês são irmãs, logo farão as pazes - ele diz, enquanto preparava algo para almoçar — Já se passaram dois dias, não é? Então de certeza que ela já teve tempo de esfriar a cabeça e te perdoar.

— Espero que sim... - de cabeça baixa, olha o seu reflexo na taça de Phi — nunca vi Kairi tão desiludida comigo, como naquele dia...

— Minha irmãzinha também se zanga muito comigo, mas logo lhe passa quando quer pedir alguma coisa - As palavras de Eizen, fazem Elena ter alguma esperança.

— Ela deve estar chegando em Capua Torim, no continente de Tolbyccia, depois de cruzar o oceano. Gostava de ter feito essa viagem com ela...

— Psyainain! - O pato servia comida a Charlotte e Snow, que aguardavam no chão.

— Óh garçon! - Chamou, de forma autoritária, olhando o prato com uma mistela quase liquida — a formosa só se alimenta de gourmet, isso dai são restos de ontem. Leva pra trás - reclamou, Charlotte.

— Quack? Nem são de ontem, tem 6 dias que Eizen fez isso - respondeu, o pato  — E seu amigo parece tar gostando, quack - concluiu, apontando para Snow que chorava enquanto enchia a boca com aquele suposto almoço, se sujando todo.

— Waaaah! Liiiiight! Eu quero minha Liiiight - choramingou, enchendo de novo a boca. Charlotte o encarava, com repulsa.

— Ele não está comigo, nem o conheço, não faz parte da corte da majestosa - disfarçou — agora vá lá e troque essa comida nojenta que não se pareça com estrume de Mudsdale.

— E se eu recusar? - Provocou, Psyduck.

— Te electrocuto na hora - ameaçou a aranha que de repente repara que a sala  ficara mais escura e ao olhar para cima...

— E se eu fizer de você o almoço? - rosnou, Mightyena, assustando Charlotte.

— EEEEEEK! T-Tudo bem, me convenceram...a elegante e charmosa Charlotte come o que vocês fizeram com tanto amor e dedicação. Mas não me sinto derrotada, longe disso, chamaria isso de empate - ela disse, começando a comer.

— Empate não... é um empato. Quackakakakakaaka! - Charlotte e Mightyena reviram os olhos com a tentativa de piada de Psyduck.

— Liiiiiiight! 

— Ah sim... Eizen, reparei que seu rancho está cheio de Pokémon diferentes, está cuidando de todos? - Perguntou, Elena.

— Ah é. Eu estou desenvolvendo um sistema de rede com o professor Hawthorne - ele responde, pousando a panela com o almoço em cima da mesa e despertando a curiosidade de Elena — você sabe que os treinadores podem viajar com apenas 6 Pokémon, certo? Eles vão precisar de enviar os outros que capturarem para algum lugar e como o laboratório do professor fica no meio da cidade, os Pokémon que lhe enviam ficam dentro de Pokébolas o tempo todo, esperando que o treinador os venha buscar em troca de outro, que ficará também na mesma situação. Então propuz que meu rancho ficasse ligado à rede do laboratório, isto aqui é grande e os Pokémon depositados podem andar livremente enquanto o seu treinador não os vem buscar de volta.

— Isso parece muito prático e bom para os Pokémon - disse, Elena, olhando pela janela e vendo uma Ponyta brincando com um Furret a ver quem corre mais depressa.

— Não é? Chamei a esse sistema, Eizen's PC e ficará em contacto com todos os computadores do continente e assim, todos os treinadores do professor Hawthorne podem enviar seus Pokémon para aqui, que eu cuidarei deles - disse o fazendeiro, orgulhoso — quem sabe, um dia, expando minha rede a outros treinadores e outros laboratórios, farei uma comunidade unida entre todos.

— Uma comunidade unida, uh... parece um belo sonho - ela diz, animando-se com a ideia.

— E você, gostaria de me ajudar nesse sonho? - A pergunta, pegou a garota de surpresa — você é aluna do professor Hawthorne, não é mesmo? Se viajasse pelo mundo e entrasse em contacto com todos os outros professores, seria perfeito. Claro que não estou dizendo isso para você ir atrás de Kairi - ele pisca o olho — é mesmo porque preciso de ajuda.

— Sobwuuu? - Phi acaba sua refeição e Elena o pega ao colo.

— Adoraria ajudar - Elena responde, animada com a ideia de voltar a viajar — pode contar comigo!

Enquanto isso, o navio que transportava Kairi e seus amigos, continuava atravessando o oceano, rumo ao novo continente e os três amigos encontravam formas de se entreterem.

— Hmm... - sentada na alheta, Edna rabisca no seu bloco de notas, aproveitando para desenhar uma família de Pokémon aquáticos que passavam perto do navio.

Estes cumprimentam a loira, que sorri ao vê-los nadar livres de preocupações. Mas a calma da garota estava prestes a terminar...

— Tooooor-Tooooor! - Pulando, Saga sopra uma corrente de chamas que envolve Quickie, o prendendo no turbilhão de fogo.

— Quickie, tente escapar por cima, pule o mais alto que conseguir! - Comandou, Kyle.

— Buuun! - O coelhinho, impulsiona-se nas patas traseiras e dá um grande salto.

— Saga, responda com Peck! - Comandou, Kairi, de imediato.

— O pintinho rodopia pelas suas próprias chamas, subindo mais alto que Quickie e o bicando de volta para baixo, nocauteando-o no processo.

— Ahh droga, de novo não... - Kyle abaixa a cabeça, frustrado.

— Seis! - Disse, Edna, sentada na alheta do navio, balanceando as pernas.

— Você tem de pensar numa outra estratégia - comentou, Kairi, retornando Saga à Pokébola — por cima você nunca vai conseguir sair, é bem simples de te apanhar.

— Evoi - Sora, assente, subindo para junto de Edna que acaricia suas orelhas.

— Ahhh mas é tão dificil!!!! - resmungou, se despenteando ainda mais — assim nunca vou conseguir vencer a Amber ou nenhum ginásio.

— Bun... - cansado, Quickie decide tomar um cochilo, mesmo ali na arena de combate, construída no navio.

— Kyle... - Kairi suspira — não se deixe ir abaixo, você vai conseguir, tenho a certeza - disse ela, tentando motivar.

— Evo?! - Sora pressente algo e ao olhar para o mar, ele vê vestigios daquilo que pareciam edifícios. Curiosos, Kairi e Kyle se debruçam para ver melhor.

— Uma cidade submersa? - Questionou, Kairi.

 — Nunca ouvi falar numa cidade entre os continentes... - comentou, Kyle.

— Ela demonstra altos níveis de Ressonância - disse, Edna, vendo que Bienfu também estava reagindo àquela construção.

— Era uma ilha Cetra - Leon sobe ao convés e se junta ao trio, despertando sua curiosidade — segundo os registos, existia uma imensa ilha, do tamanho de um pais, entre os dois continentes e, o mais curioso, é que toda ela era uma Machina - a revelação surpreende os 3 — muitos pensam que era usada como base militar, enquanto outros acham que toda ela era uma arma usada para a guerra, mas nunca se teve certeza de nada.

— Base militar, usada para guerra... no final vai tudo dar ao mesmo. Esta quantidade de Ressonância se manteve aqui durante séculos, o que só pode querer dizer uma coisa...

— Uh? - Kairi repara que Edna tinha uma expressão triste no rosto.

— Ressonância está presente em todos os seres vivos, ou seja, não dá para criar artificialmente - continuou, Leon. E Edna assente.

— Quer dizer que toda esta construção foi feita com energia vital de seres vivos? - Questionou, Kyle, chocado.

— Que horrivel... - Kairi baixa a cabeça.

— Bom, dentro de umas horas estaremos em Capua Torim - Leon levanta o astral — já pensaram o que vão fazer quando chegarem em Tolbyccia?

— Você não vem conosco, Leon? - Perguntou, Kairi.

— Não posso - ele responde — tenho assuntos de guilda para resolver, então depois de vos deixar em Capua Torim, continuarei para Dahngrest.

— Ah é... Elena odeia as guildas, principalmente quando ouvimos noticias que Altosk tinha atacado um carregamento de Flamestone - comentou, Kairi.

— Você também me culpa por isso? - Perguntou, Leon e Kairi abana a cabeça.

— Não... quer dizer, eu acho que não... você me salvou três vezes, não consigo imaginar você sendo um vilão - Leon sorri com as palavras da menina.

— Existe imensa coisa estranha acontecendo desde que o antigo capo morreu - ele se debruça e olha para baixo — eu simplesmente não consigo acreditar que seja a minha Altosk por detrás desses crimes que nos acusam, nem pensar.

— Tio Leon, acha que estão tentando tramar vocês? - Perguntou, Kyle e Leon assente.

— Penso que é a única explicação. Não aceito que a Altosk tenha agido dessa forma, nunca foi o nosso estilo...

— Já me aborreceram de novo - Edna salta para o chão e se vira para Kairi — hey, que tal uma batalha para passar o tempo? Imagino que deve estar cansada de limpar o convés com as lágrimas do garoto coelho ali

— Hey, meu nome é Kyle, não é garoto coelho, okay?! - Resmungou.

— Kyle Não É Garoto Coelho? Hmm, esse é novo...

— Aff, me chame o que quiser, então...

— Okay, Keebo.

— É Kyle!!!!

— Se você o diz...

— AHHHH!!!!

— Ficou zangado com a pobre Edna? - Kyle cora com o tom de voz fofo que Edna adotou.

— Nunca ficaria zangado com você!!! - Ele a tenta abraçar, mas acaba por sofrer um choque elétrico por parte de Bienfu — apaga a luz, mamãe, quero dormir mais um pouco ahhh - o garoto cai no chão, sem sentidos.

— Cai fora, Keebo... - ela volta a olhar para Kairi — E ai, Sora contra Bienfu, o que me diz?

— É claro que sim, vamos a isso! 

E assim, as duas treinadoras passam o tempo batalhando, enquanto o navio chega ao seu destino. 

— Evovoi! - A raposa avista o porto da cidade e alerta o grupo.

— É ali, chegamos a Tolbyccia - disse, Leon, animado.

— Um novo continente inteirinho para explorar, o que acha disso, Elen... oh...

— Evee? - Sora olha para sua treinadora, que força o sorriso.

— Vamos nos divertir imenso, aqui, consigo sentir isso, Sora.

— Evo! - A raposa assente.

— É aqui que vou conseguir minha primeira insígnia, não é, Quickie? 

— Bun! - O coelho assente.

— Wow... que continente lindo... wow... - comentou, com um tom bem aborrecido.

— Você não parece muito contente em desembarcar aqui, Edna... - reparou, Leon — algum problema com Tolbyccia?

— Meh! Nem por isso... só umas contas a ajustar - ela disse — isso equivale a 77 confrontos, 108 reclamações e 18 recursos- Apenas isso - concluiu.

— Er...parece... complicado... -Leon se afasta e se prepara para atracar o navio e assim deixar Kairi, Kyle e Edna desembarcarem.

E assim o grupo chega a Capua Torim, a primeira paragem no imenso continente de Tolbyccia, onde novas aventuras os esperam.