Capítulo X-6

— AHHHHHH! - Cambaleando até Torim, Albert solta um grito que deixa os habitantes da cidade portuária o reparando — Estão olhando para onde? Metam-se nas vossas vidas miseráveis! - Rude, o jovem pesquisador afasta todas as pessoas de si e, mal conseguindo andar direito, ele numa pequena clínica e se senta na frente de um computador — como é que ele foi capaz? Como é que ele fez isso comigo?

//Flashback//

— Que quer dizer com isso, mestre? -  Em Caer Bocram, Albert salta para a frente de Seymour, impedindo o seu caminho.

— Exatamente o que ouviu. Seu querido professor Hawthorne está construindo uma rede que vai permitir que treinadores, de todo o mundo, enviem seus Pokémon extra para um sistema instalado num rancho de Ilyccia. 

— Mas esse era o meu trabalho - falou, incrédulo — eu estava desenvolvendo o sistema de boxes nos pcs, o professor me parabenizou por isso...

— É, mas parece que alguém teve uma ideia parecida, só que no caso, os Pokémon podem andar livremente pelo rancho em fez de ficarem depositados dentro de suas Pokébolas. Estou certo que isso tenha influenciado o professor.

— Não é justo, eu trabalhei tanto neste programa!!! - De volta à clinica, o pesquisador liga toda a rede que havia montado e percebe que não tem mais nenhum treinador a usando — malditos, eu fiz isto por vocês e é assim que me pagam? - Ele faz umas pesquisas e encontra a rede rival — Ora bem... Eizen... vai se arrepender por ter atravessado no meu caminho - abrindo uma gaveta da mesa onde estava seu pc, ele retira uma disquete e a introduz no pc.

— Beep boop beep! - Albert abre um programa instalado na disquete e, com este, se forma uma estranha criatura que parecia viva.

— Vão pagar por tudo o que me fizeram - apertando Enter, a criatura é lançada no cyberespaço. Albert se encosta para trás, olhando para o teto escuro.

No rancho de Eizen, o fazendeiro treinava Elena em batalhas Pokémon, quando o sistema informático começa a dar sinal de algo não estar bem. Os dois se apressam à sala de controle e Eizen senta-se na frente do pc, bastante preocupado.

— Que está acontecendo? - Questionou, Elena, ao ver Eizen teclando com grande rapidez.

— Alguém entrou no sistema informático que construi com o professor Hawthorne, instalaram uma espécie de virus - Elena se aproxima, vendo a criatura que viajava pelo espaço.

— Porygon... - Elena identificou.

— Conhece essa coisa? - Perguntou, Eizen.

— Mais ou menos... - ela diz — um colega de escola tinha desenvolvido um programa informático que nos permitia criar Pokémon digitais para simular batalhas. Ele foi o unico que conseguiu criar um e o chamou de Projeto Porygon.

— Se essa criatura pertence ao seu colega, então é ele que esta tentando atacar meu sistema.

Enquanto Eizen tenta resolver o problema, Kairi, Kyle e Edna fazem o caminho de regresso a Torim, após a aventura em Caer Bocram, onde conheceram o lendário Volcanion. Para segurança de todos, resolveram não falar com ninguém sobre este Pokémon, não fosse algum curioso tentar o capturar e acabasse por não conseguir voltar com vida.

— Acham mesmo que o senhor da estalagem nos vai deixar ficar mais uma noite? - Perguntou, Kairi.

— Evo...

— Foi ele quem disse para ficarmos o tempo que quiséssemos, sem pagar, por ter salvo a estalagem daqueles bobões - supôs, Edna.

— Estou com uma fome, capaz de devorar um Stantler - disse, Kyle — Hey, acham que a Altosk vai voltar a atacar?

— Aqueles não eram da Altosk - Disse, Kairi, incomodada.

— Não precisa ficar assim... - murmurou, o garoto — eles se apresentaram como Altosk, não sei outro jeito de os chamar.

— Os chame de bobões, comigo resulta bem para os identificar, Keebo... - provocou, Edna.

— Na verdade, eu não sei quem eles eram - Kairi diz, baixando a cabeça — mas Leon não é mau, disso tenho a certeza, então eles não podem ser da mesma guilda dele, nem pensar.

— Você deposita muita confiança no meu tio, não é? - Kairi cora com a pergunta de Kyle, que não nota. Este acaba por sofrer um encontrão de Edna — Hey! Para que foi isso?

— Keebo, você é tão denso... - comentou, Edna.

— Que quer dizer com isso? - Questionou, confuso.

*sigh* - A loira suspira, o deixando ainda mais à toa. Quase chegando a Torim, eles se deparam com um velhinho estendido no chão, sendo pisoteado por um grupo de jovens.

"Volte pro seu pais, seu lixo"

"Não te queremos aqui"

"Morre de uma vez"

— Hey, aqueles caras tão maltratando um mendigo! - Irritado, Kyle corre para defender o senhor, seguido pelas garotas — parem com isso, seus idiotas!

— Quê? - Um dos bandidos se chega à frente — cai fora, pirralho, a gente ta defendendo nosso continente desse saco de lixo.

— Isso não é jeito de tratar outra pessoa! - Reclamou, Kairi.

— Evovi! - Gritou, Sora.

— Tch! - O bandido ignora — esse monte de lixo foi encontrado no mar, num bote salva vida. As pessoas de Torim o acolheram e ele roubou pão do mercado. Não merece nossa simpatia.

— Wow... roubou pão? Que crime grave, enforquem ele... idiotas - ironizou, Edna.

— Se ele roubou, o entreguem aos guardas. O que estão fazendo é muito mais grave!

— Tch! E tamos nós dando atenção a uns pirralhos, você nem sequer são de Torim. Este lugar está protegido pela guilda Bloodwing Butterfree, então aceitem nosso conselho e zarpem daqui de uma vez.

— Ou então...  - Edna os desafia com o olhar. Os rufias sacam de Pokébolas, as abrindo na frente do trio, liberando seus Pokémon.

Os Pokémon atacam o trio, que não ia ficar de braços cruzados.

— Se é batalha que querem, então é o que terão - Kyle pega nas duas cápsulas — Bruce, Quickie, enfrente!!! - Kairi e Edna também liberam seus Pokémon e começa uma luta com os membros do gang, com a vitória saindo para os jovens treinadores.

— Light, finalize com Electro Ball! - Comandou, Kairi.

— Emon-Emon...GA! - A esquila produz uma esfera de energia elétrica, acabando com o que restava dos oponentes. A vitória dominadora, faz o gang fugir.

— Nos recordaremos das vossas caras, pirralhos! - Ameaçou, um dos membros, antes de virar costas e correr como os outros. Kyle corre para junto do senhor.

— Hey, velhote, você está bem? - Perguntou, tentando o levantar.

— Crianças... - ele se levanta sozinho.

— Esse cara é enorme! - Exclamou, Kairi, ao ver que se tratava de um homem com mais de 3 metros de altura e longos cabelos brancos.

— Não devia roubar quem o ajudou, é falta de respeito - repreendeu, Edna, sendo a unica a não se incomodar com o gigante. Já este, se foca em Sora e Bienfu, que haviam enfrentado seus agressores.

— Esses dois Pokémon. Protejam eles - dito isto, começa andando para Oeste, desaparecendo no horizonte.

— Rude! - Comentou, Edna.

— Que cara estranho... é um gigante! - Cismava, Kairi.

— Talvez não fale nossa língua, aqueles lá falaram que ele veio pelo mar e, se calhar, por isso não nos entende direito e não sabe falar direito — supôs, Kyle.

— Um "obrigado" devia ter sido a primeira coisa a aprender - reclamou, Edna — mas ainda assim... - ela fica olhando Bienfu, que volta para a sua bolsa — ele parece ter sentido algo em relação a Bienfu e Sora... talvez seja capaz de captar Ressonância, como eu?

— Dene?

— Evee?

— Seja como for, estou contente por termos ajudado ele - disse, Kairi, pegando Sora ao colo.

— A má noticia é que agora estamos na lista negra da Bloodwing Butterfree - falou, Kyle — eles são conhecidos como uma guilda que não esquece as dividas...

— Você os provocou, eu sou uma pobre e indefesa garotinha, fui obrigada a lutar para não receber seus castigos - provocou, Edna.

— Eh? Quêêê? - Kyle tenta falar com Edna, mas esta o ignora e continua andando para Torim. 

Na cidade, estava instalada uma grande confusão, vários treinadores haviam chegado de navio e se juntavam na frente da estalagem.

— Evo...

— Será que tem mais algum time de Blitzball na cidade? - Questionou, Kairi. Os três se aproximam e ouvem as reclamações das pessoas.

"Como assim o pc não está funcionando?"

"Eu preciso trocar meus Pokémon"

"Faça alguma coisa, vou ter uma batalha importante e preciso dos meus Pokémon mais fortes"

— Só vos peço um pouco de paciência, nosso time de informática está tentando resolver o problema o mais depressa possível - o dono da estalagem disfarçava o nervosismo, tentando acalmar os treinadores furiosos.

— Aquela multidão parece querer invadir a estalagem - comentou, Kairi.

— Sigam-me! - De umbrela aberta, a garota perfura pela multidão que reclamava dela. Kairi e Kyle, embora nervosos, vão atrás da garota, pedindo desculpa a quem podem.

— Ohh! São vocês - O velho fica animado ao ver o grupo que salvou a sua estalagem — entrem, por favor - o convite, enfureceu ainda mais os treinadores enraivecidos, mas o homem consegue fechar a porta da estalagem, que no momento estava vazia.

— Não tinha tecnicos trabalhando? - Questionou, Edna, atrapalhando o dono da estalagem.

— Er... sabe, eles não podem vir hoje e isto está um caos - disse, quase chorando.

— Que aconteceu? - Perguntou, Kyle.

— Então, instalamos o novo sistema de rede para treinadores e de repente ele deixou de responder. Esta estalagem tem o único pc publico de toda a cidade e deixou de funcionar, logo hoje que esperávamos um grande numero de treinadores. É o fim do meu negócio - desabafou.

— E não tem nada que possa fazer? - Questionou, Kairi.

— Já tentei tudo, o sistema não trabalha...

— Esse é o projeto do Eizen, não é? - Edna pergunta, sentando-se na frente do pc e mexendo nele.

— Eh... É, sim... - disse o velho — como sabe?

— Eizen é meu irmão, eu montei esse sistema com ele - ela disse, achando o problema — tem um bicho esquisito vagueando pela rede, seu anti-virus falhou, sua firewall falhou, o sistema está sem defesas.

— Céus e o que podemos fazer? É o meu fim, minha estalagem vai fechar!! - O homem desespera.

— Edna, consegue consertar? - Perguntou, Kairi.

— Por fora, nem pensar - ela responde  — precisamos de um DataScape.

— Data...quê? - Confusa, Kairi balança a cabeça.

— DataScape, uma memória virtual que introduzimos na rede e combatemos o vírus - ela explicou.

— Consegue fazer isso aqui? - Kyle se aproxima, mas não entende nada dos numeros que a garota digita no teclado.

— Visto que não tem uma memória original, precisamos criar uma. Quem se oferece para entrar e combater o virus? - Ela pergunta.

— Entrar? - Kyle e Kairi perguntam ao mesmo tempo e Edna assente.

— Um de vocês terá de ser digitalizado... ou melhor, a vossa memória vai criar uma cópia de data e vocês vão poder enfrentar a ameaça.

— Edna... - Kairi puxa a garota à parte — você está falando de uma pessoa entrando na internet? Volcanion deixou você maluca? - Edna responde com uma palmada na nuca da garota.

— Não é você que vai entrar, é uma versão digitalizada sua - ela diz — Bienfu, vou precisar de si.

— Nenene! - O hamster sai da bolsa da garota e junto com ela, começam a recolher cabos e fios de toda a estalagem, os ligando  a duas ventosas. 

— Agora, quem vai sentar na cadeira? - Questionou, Edna, apontando para um assento que parecia retirado de um filme de terror.

— Er... - Kyle recua — nem pensar, não me vou sentar ali!!!!

— Eu vou! - Kairi se chega à frente — não entendi nada da sua explicação, mas explorar a internet me parece uma grande aventura.

— Evovee! - Sora assente.

— Muito bem, então ao seu lugar - disse Edna. Kairi senta-se na cadeira e Edna cola as ventosas nas têmporas de Kairi — Bienfu, dê o seu choque.

— Denenene! - O roedor esfrega seus bigodes, encostando-se ao aparelho criado por Edna, para o energizar. Kairi começa a sentir sono e adormece, enquanto uma versão digitalizada dela aparece no monitor do pc.

— Wooow! Este lugar é lindo! - Kairi exclama, olhando em redor.

"Não de distraia" - a voz de Edna surge na mente da garota — neste momento, só eu consigo comunicar consigo, encontre o virus e o destrua. Também digitalizei seus Pokémon e agora vou preparar-lhe um veículo.

— Evovoi! - Sora surge de dados, na frente de Kairi e sobe para o seu chapéu.

— Ah não precisa disso, se meus Pokémon estão aqui, eles vão me ajudar. Não é, Caspian? - Ela atira a Pokébola ao ar, liberando o seu Shiny Beauti... Dustox.

Com Caspian e Sora, a garota levanta voo e segue pela rede, com as indicações de Edna, enquanto Kyle e o dono da estalagem observavam o que acontecia pelo monitor.

— Ela parece estar dentro de um jogo... droga, devia ter ido eu... - na datascape, Kairi continua procurando e Edna a avisa que o virus se aproxima dela.

— Beep boop - o virus identifica a presença de um intruso e vai ao seu alcance, se deparando com Kairi.

— Uh? O virus é um Pokémon? - Questiona a garota.

— Não é um Pokémon - falou, Edna — é um programa informático, um monstro digital... chame-lhe Digimon.

— Por que é que eu tenho a sensação que esse nome tem direitos autorais e a gente vai ser processado?

— Beeeep boooop! - A criatura fica irritada com a presença de Kairi.

— Ele parece... vivo - comentou a garota, tendo segundos pensamentos sobre destruir Porygon.

— BEEEEEEEEP! - Este focaliza um raio de energia, disparando-o contra Kairi, que usa a velocidade de Caspian para se esquivar.

— Ele usa Mana? - Edna fica confusa, não entendendo como um programa informático pode possuir energia vital para produzir ataques como os Pokémon.

— Koooo! - Kairi inicia a batalha contra Porygon, comandando Oliver para usar seu Leafage que acerta a criatura.

— Booooop! - Este volta a disparar um dos seus ataques.

— Oliver, rodopie e use Peck! - Comandou, Kairi.

— Krooo! - Este se esquiva do ataque, bicando Porygon que cai, aparentemente sem sentidos.

A criatura começa a se desfazer em dados, o que dá o alerta para Albert, que volta a se focar no pc.

— Quê? Porygon foi vencido? Como? - Ele faz sua pesquisa e descobre Kairi, combatendo o seu programa — Kairi? Como é que ela entrou? Droga, essa garota é como a irmã dela, sempre me negando... agora até meu programa elas negam!!! Odeio, odeio! - Ele abre uma bolsa e retira um cd-rom, introduzindo-o no pc — Elena quebrou meu coração, agora sua irmã cáçula quebrou meu programa. Vou me vingar das duas... UPGRADE! - Albert aperta Enter e na datascape, Porygon se reconstrói, surpreendendo Kairi e Edna.

— Estão alterando a constituição desse virus, ele está a... - Edna repara que Porygon estava envolto em uma aura crescente, que mudava a forma de seu corpo, arredondando-o.

— Beep boop beeep boop!

Continua...