Capítulo XX-4

A densa noite complicava a visão de quem atravessava o deserto, enrolado num manto negro, uma figura fica de frente para a tempestade de areia que não arredava.

— Jafar - ao tom masculino se segue o levantar do braço, apontando para a tempestade e uma outra figura surge diante dele, se identificando.

— Kazam! - Este focaliza uma imensa quantidade de energia, devastando a tempestade  revelando o que esta escondia.

— Ghasfarost, a torre proibida - o homem se liberta do manto que voa, para trás, com o vento, revelando se tratar de Seymour.

— Alakazam - O Pokémon não pressente nenhum perigo e os dois entram na torre.

— Pheon... - Mercury os acompanhava, tremendo ao sentir a energia negativa que emanava deste lugar.

— Nossos antepassados tentaram esconder Ghasfarost do mundo e tudo por causa de uma pequena garrafa - entrando pelo grande portão de ferro, ele se depara com um item preso por correntes de energia.

— Al-Alakazam - Até o destemido Jafar parecia temer esta garrafa. Seymour sorri maliciosamente.

— De fato, é mesmo o que procurava, a quantidade de malevolência neste lugar, só pode ser o artefacto conhecido como Prision Bottle - ele tenta a tocar, mas o campo de forças se manifesta — ah sim... os guardiões ainda estão fortalecidos, mas... - ouvem-se passos, lá fora, tão pesados que estremeciam a terra.

— Kanyonn! - O lendário Volcanion era arrastado com correntes negras, puxadas por Hypno e Grumpig.

— Use seu poder, lendário, liberte aquele artefacto - ordenou, Seymour.

— Roooow! - Ao sentir aquela energia negativa, o lendário Cetra treme e tenta fugir, mas as correntes impostas pelos psíquicos o impediam.

— Ainda lutando contra o seu destino? - Seymour encolhe os ombros — talvez eu deva ser mais duro consigo.

— Esphi...

A perturbação criada por Seymour desperta 3 seres que até então seguiam dormentes em lagos distintos, em diferentes partes do mundo.

A manhã seguinte desperta com uma batalha entre Kairi e um treinador que conheceu durante o caminho para Dahngrest, a cidade das guildas e lugar onde disputaria o seu quarto desafio de ginásio.

— Continue a pressão, Lyra, use Tackle! - Comandou o treinador.

— Riiiiinch! - O Pokémon desse treinador galopa em direção a Oliver que tentava aterrar depois do contacto anterior.

— Ai vem de novo, Oliver, use Razor Leaf! - Kairi comanda, imediatamente.

— Kairi evoluiu imenso desde que saiu de Illyccia, quase nem parece a mesma pessoa - comentou, Elena, que assistia ao combate junto de Kyle e Edna. Os três sentados no gramado.

— Aquela Girafarig está dando trabalho, ela conseguiu perfurar o Razor Leaf do Oliver e o acertar - reparou, Kyle.

— É, mas também sofreu dano - disse, Edna — aquele idiota não tem qualquer problema em deixar seu Pokémon se machucar desde que consiga concluir seu ataque.

— Sobwu... - Phi fecha os olhos e Elena o segura com mais força.

— Lyra, a vitória será nossa, use Psybeam! - Ordenou.

— Riiiiinch! - A girafa focaliza seu mana nas antenas, produzindo um raio de energia e o disparando contra Oliver que se levantava.

— Kooo! - A comando de Kairi, a ave consegue se desviar, voando em torno do raio de energia e bicando o oponente com todo o seu mana focalizado no bico.

— É isso, Oliver, vencemos! - A treinadora comemora ao ver a girafa no chão, sem sentidos.

— Evoi-Evoi! 

— Aff... Lyra, retorne - conformado, o treinador faz voltar seu Pokémon e Kairi se aproxima dele.

— Foi um bom combate - ela congratulou, estendendo a mão — mas para a próxima tente não atacar diretamente durante um movimento do oponente, o dano que causar pode ser bom, mas seu Pokémon vai sofrer danos colaterais que podiam ser evitados - aconselhou, com o outro recusando apertar a mão.

— Tch! - Estalou o dente e vira a cara — eu gosto da forma como eu batalho, você que não compreende isso - ele vira as costas, deixando a garota sozinha.

— Uh?

— Olha só, você dando conselhos a outro - Elena se aproxima da irmã — não foi à muito tempo que você os recebia dos treinadores que enfrentava à saída de Zephyr.

— Aquele cara foi bem idiota - comentou, Kyle — só estavam tentando ajudar ele a melhorar.

— Tem chorões que só querem aparecer e serem falados, mas se falham uma vez acham que o mundo está todo contra eles, quando na verdade são eles mesmos que não têm confiança naquilo que fazem.

— Uau, Edna. Está inspirada hoje - Brincou, Kairi.

— Evoi!

— Você acha? - A loira pergunta — eu vivo inspirada.

— Dene! - Bienfu sai da bolsa de Edna só para concordar com a jovem.

— Bom gente, vamos andando para não termos de passar mais uma noite no mato - aconselhou, Elena, com o grupo concordando.

— Elena não gosta de acampar, né?

— Não é não gostar, é mesmo ter medo.

— Não falem de mim como se não estivesse aqui...

— Tem um Spinarak no seu ombro.

— EEEK! Tira!!!!!!!

— Tava brincando - disse, Edna.

— Não me faça isso, ia tendo um ataque... - choramingou, Elena.

— Então Elena têm é medo de bichos - concluiu Kyle.

— E de garotos também - debochou, Kairi.

— Ah sim! - Irritada, Elena dá um enorme cascudo em Kairi, fazendo um galo.

— Waaaaaaah que violência!!!!

— Ai-ai - Edna suspira.

— Evo... - Sora abana a cabeça.

— Sobwo-wo-wo - Phi solta uma gargalhada, contagiando o grupo.

Eles continuam o caminho pelos trilhos de terra que separavam a floresta, até que decidem acelerar o passo quando ouvem gritos que pareciam de uma garota assustada.

— Isso é para aprender a não rejeitar nosso convite - Um grupo de vândalos atacava uma jovem, com um deles chutando a sua cara e a fazendo cair.

— Que pensam que estão fazendo? - Berrou, Kyle, que foi o primeiro a ver a situação.

— Olha só, aquele trouxe mais garotas, já temos mais variedade - falava um dos membros do gang, com os outros rindo.

— Esses caras são bem estranhos - comentou, Kairi.

— Fique atrás de mim - Elena puxa o braço da irmã, tentando a proteger.

— Essas também vão dar luta - zombou, um dos bandidos.

— Bananas... todos eles, uns bananas - disse, Edna, os irritando.

— Essa lorinha vai ser a primeira - um deles se aproxima de Edna, mas Kyle o soqueia na barriga — s-seu bastardo.

— Pessoas como vocês me dão nojo!

— Você nem imagina a encrenca em que se meteu, pirralho - falou um dos outros — nós somos da guilda Bloodwing Butterfrees, só o nome deve o fazer tremer.

— Só se for tremer de raiva - Kyle responde, fitando os membros da guilda.

— Evo?! - Sora pressente algo e Kairi olha para os pés de Kyle.

— Kyle, tem algo por baixo! - Alertou, Kairi e nesse momento...

— SSSSAAARBOK! - Uma serpente brota pelo solo, tentando morder o garoto que pula para trás e retira sua espada de imediato, cortando o Pokémon ao meio.

— Sumam daqui ou terão o mesmo destino - ameaçou, apontando a espada ao grupo.

— Nunca tinha visto o Kyle desse jeito, ele até usou a espada que a mãe lhe deu para se proteger - murmurou, Kairi, reparando que a guilda ria dele.

— Tem uma espada bonita, garoto, mas acha mesmo que vamos temer isso? Dá para ver que não corta pele, apenas funcionou no Arbok pelo seu corpo ser tão mole. No entanto... - o bandido observa a serpente que fazia crescer outra cauda, não mostrando qualquer ferimento.

— Ssssss

— Como assim? Aquela Arbok voltou a ficar inteira?!!! - Espantada, Kairi olha para a irmã, que confirma.

— Kyle sabia que Arbok se conseguiria regenerar, por isso tentou intimidar aqueles creeps com a espada, mas eles devem ter notado que a espada não corta algo como o corpo humano - explicou, Elena. Percebendo que sua estratégia havia falhado, o garoto parte para a ofensiva, liberando um dos seus Pokémon.

— Grimer! - Benny desliza para fora da cápsula, se formando na frente de Arbok e a encarando.

— Vamos aju... - Kairi ia puxar de uma das cápsulas, mas Edna a olha e abana a cabeça.

— Essa é a batalha dele, o ajudaremos se ele precisar - ela diz, convencendo a amiga.

— Arbok, sufoque-o com Wrap! - Comandou o dono da serpente.

— Ksssarrrbok! - Esta se envolve em torno do lamacento, mas não o consegue apertar, pois ele desliza facilmente.

— Quê? Que raio de Pokémon é esse? - O dono de Arbok, assim como os restantes, ficam confusos quando sua estratégia não funciona e Kyle sorri com confiança.

— Benny, use Sludge! - Comandou, Kyle.

— Grim! - O viscoso cospe um pedaço de lama, atingindo o rosto de Arbok.

— Responda com Poison Sting! - Ordenou o outro, irritado.

— Ksssssbok! - A serpente, por sua vez, dispara pequenos jatos de veneno, se solidificando ao atingir Benny, no entanto o corpo deste absorve os espinhos, voltando a deixar Arbok, o seu treinador e a guilda confusa.

— Nada resulta contra aquilo?! Que Pokémon é você afinal?!!!! - O dono de Arbok entra em desespero.

— Está na hora de pedirem desculpas àquela garota e às minhas amigas pela forma como as trataram - ordenou, Kyle, mas eles riam.

— Só pode tar brincando, moleque, tabom que Arbok não consegue tocar nesse seu Pokémon estranho, mas nós continuamos sendo adultos e vocês criancinhas - Kyle abana a cabeça e ri.

— Lembrem-se que não me deram escolha, Benny, use Smog! - Comandou.

— Grimer! - Este liberta uma tela de fumaça e mau cheiro, que afeta Arbok e os membros da guilda que pedem socorro ao se verem presos dentro da fumaça. Eles são obrigados a fugir, sendo perseguidos pelo intenso cheiro. Kyle corre até à garotinha no chão que estava acompanhada por um Pokémon.

— Chiii - Era um pequeno cachorrinho que também estava machucado após o encontro com a guilda.

— Elena, tem ai medicinas? Esse Pokémon está envenenado - alertou, Kyle, se abaixando junto da garota — está tudo bem agora, você está salva.

— ... - Ela se levanta com a ajuda de Kyle e Elena cura o cachorrinho que agradece, correndo em volta da criadora.

— Qual o seu nome? - Perguntou, Kyle, mas ela apenas encosta a cabeça no ombro, como se não entendesse a pergunta.

— A pobrezinha deve estar traumatizada - supôs, Elena.

— Chip! Chip! - O cachorrinho late, agradecendo a ajuda.

— O nome dela é Mheaa? Não consigo decifrar bem a linguagem desse Pokémon - disse Edna, entendendo o que o cachorro falava — e esse é Flash, um Yamper.

— Mia? - Kairi se debruça sobre a garota, que sorri e assente — Viu? Ela se chama Mia.

— Chiip! - Latiu, como se confirmasse.

— Na minha Pokédex diz que eles são comuns num pais mais a norte - comentou, Elena.

— Então ela também é do norte? - Questionou, Kairi — deve ser por isso que não entende nossa língua.

"..." - a garota segura na mão de Kyle e dá um beijinho na sua bochecha, deixando-o corado.

— Eh... o que... HEY! - Ele é puxado por ela, que chama Kairi, Elena e Edna para continuarem o caminho, com esta última se mostrando algo incomodada.

— Chiiip! 

— Evoi! - Sora se apresenta, seguido de Phi.

Puxando Kyle, Mia se convida a juntar ao grupo e todos seguem viajem pelo trilho de terra...

Continua...