Capítulo XX-6

Nas profundezas de uma floresta, se acende uma imensa fonte de Mana. Este fenómeno, faz Edna despertar de imediato.

— Desculpem, tenho de ir - silenciosamente, se despede de Kairi e Elena que dormiam no mesmo quarto, Mia é a única que se apercebe da saída da loira.

— Edena... - o ratinho conseguia perceber a tristeza da companheira em deixar os outros para trás.

— Tenho de fazer isto sozinha, você sabe isso - ela diz, sentindo no ar a direção que devia tomar. Edna abandona a cidade, viajando para sul.

— O fluxo de Mana vem desta floresta - comentou, chegando numa imensidão verde onde era quase impossível de distinguir o dia da noite. Do seu lado repara numa pequena criatura que iluminava a zona — você está me ajudando?

— Edena - Bienfu aponta para cima, onde mais criaturas iluminavam a densa floresta.

— Luuuuh luuuuh - os Pokémon coordenam cânticos, mostrando a passagem para a loira.

— Entendido - ela segue pela agora iluminada floresta,  subindo pelos enormes troncos que cresciam para várias direções, finalmente chegando numa pequena clareira, onde não havia por onde avançar. No chão, uma outra criatura a esperava.

— Esta é a floresta de Keiv Moc, lar das fadas - informou a pequena planta — sei porque está aqui, mas não a poderei deixar prosseguir sem cumprir o teste.

— Vamos despachar logo isto - Edna encara a planta, que sorri.

Os cipos e as trepadeiras se movem, sendo controlados pela energia da floresta, uma sombra se movimenta entre estes, deixando Edna em alerta.

— Scolo! - Um inseto gigante ataca Edna, focalizando o mana em sua cauda, a garota pula por cima girando no ar enquanto Bienfu pula da bolsa.

— Denenene! - O hamster esfrega seus bigodes, descarregando eletricidade sobre o oponente.

— Scol! - Por sua vez, este cospe um líquido venenoso contra Bienfu, mas Edna o defende, abrindo sua umbrela para bloquear o ataque.

— Sua vez, Rin! - Edna deixa cair a pokébola no chão, libertando o macaquinho verde — Hammer Arm!

— Uuuko! - Focalizando sua energia, no pau de madeira que o acompanhava, Rin corre até ao inimigo, subindo pelo seu longo corpo e batendo com o pau na cabeça deste.

— Denenenene! - Já Bienfu volta a descarregar elétricidade, atingindo o oponente.

— Scol... - este para de atacar, voltando para o interior da floresta enquanto os cipos abriam um novo caminho para Edna.

— Passou no teste, é mesmo aquela por quem esperávamos - disse, a planta, sorridente.

*Sigh* - Edna respira de alivio e, acompanhada por Bienfu e Rin, prossegue o caminho até à fonte luminosa.

"Edna" - Uma voz ecoa pela fonte de Mana.

— Estou aqui... mestre - a loira se posiciona na frente deste lugar, vendo a energia se materializando em uma criatura. Rin mostra algum medo, mas Bienfu o acalma, dando pancadinhas nas costas.

— Um novo fluxo de malevolência está ativo, Edna - a energia ganha a forma de um cervo azul com as astes coloridas — ele se manifestou por causa de um antigo oponente seu.

— Seymour - ela diz, sem pensar muito, com o cervo confirmando.

— O inimigo quer aumentar este fluxo de energia negativa e assim reviver aquele que dormita no casulo da destruição, entendeu, Edna?

— Sim... mestre - ela hesita por um momento.

— O nome, Edna, diga o nome deste ser - ordenou, num tom severo.

— Y-Yveltal - ela cerra os punhos, engolindo a seco antes de pronunciar o nome da criatura que parecia temer.

— Sabe o que tem de fazer, Edna, a sua missão?

— Manter o equilíbrio do Mana, eliminando todos os que possam causar distúrbios - o olhar da garota fica sério — o veneno deste mundo tem que ser eliminado.

— Ainda se lembra... no entanto ainda protege aquela criatura - acusou.

— Sora está controlado - Edna diz, vendo o cervo recuar — ele não representa mais um perigo.

— Edna, sua missão é purgar o veneno deste mundo, não estabelecer laços com parte dele - o cervo aproxima-se da garota, levantando a cabeça dela com sua aste — aquele momento em que o vi, na floresta de Quoi, senti o perigo que ele representava e você também o sentiu quando passou por ele. Você o viu em ação, o viu quase destruindo toda uma cidade e ainda assim o protege.

— Sora não representa nenhum perigo, ele está com alguém que se importa, que cuida dele como se fosse o seu tesouro mais precioso. Enquanto esse laço existir, nada o poderá quebrar.

— E sobre o outro? Sei que se deparou com outro caso.

— O Pikachu, Riku, têm a ressonância elevada, mas não tanto quanto Sora, não vai ser um perigo - informou.

— Edna, se você estiver errada, eu irei intervir - ameaçou, soltando a garota e virando as costas.

— Sim, mestre... - a criatura desaparece, assim como a fonte de energia que se espalha pela floresta.

— Edena, está bem? - Bienfu pergunta, subindo ao ombro da garota que se esforçava para não chorar.

— Uko... - o macaquinho observa, com alguma preocupação.

— Preciso entender o que aconteceu com Sora e Riku - ela pensa para dentro — mas antes precisamos destruir Seymour de uma vez por todas.

— Edena, consigo sentir a malevolência aumentan-tando - falou, Bienfu. Edna se baixa e acaricia a cabeça do macaquinho verde.

— Rin, fique aqui na floresta, não quero que lhe aconteça nada de mal - ela diz, mas o macaco atira o galho em sua cabeça.

— Eu vai! Eu vai! - Irritado, ele pula enquanto abana os bracinhos em forma de protesto. Edna o chuta contra uma árvore — WAAAAH!

— Da próxima vez que fizer isso, o darei de comer ao Bienfu - ameaçou, assustando o hamster.

— Eek!! Edena... 

— Venha logo, ou vai querer ficar ai? - A garota começa a andar e o macaco se recompunha.

— Edna... bruta... gostei-ukoo! 

A manhã chega a Dahngrest e, na estalagem, Kairi acorda entusiasmada por enfrentar o seu quarto desafio de ginásio.

— Vamooos lá, é agora ou nunca - a garota rodopia em frente ao espelho do quarto — é meu quarto desafio, metade da minha jornada, estou quase láaaa!!!!

— Continua com monólogos para si mesma? Talvez devesse seguir a profissão de atriz - brincou, Elena, que entrava naquele momento.

— Sobwu?

— Vee-vee - ainda na cama, Sora encolhe os ombros, suspirando.

— A Mia estava gostando - supôs, Kairi, Elena olha para a loira que estava sentada na cama, lendo um livro.

— Não acho que ela esteja prestando atenção...

"...?" - Percebendo que falavam dela, a loira olha para as duas com alguma confusão.

— Que está lendo? - Kairi pula para a cama de Mia, se chegando perto do livro.

— Não devia invadir assim a privacidade das pessoas - repreendeu, Elena.

— WOOOOOOW!!!! É um livro sobre mega evolução! - Kairi fica surpreendida e retira o livro de Mia, folheando-o.

— Mega evolução? - Elena perguntou.

— Foi durante o embate entre o senhor da terra e o senhor do mar, o dragão esmeralda chamaram, para os titãs acalmar. A força do dragão esmeralda foi superada pelos titãs primitivos e o mundo quase foi reduzido ao caos. Porém, as rezas dos crentes chegaram aos céus, dando uma nova esperança ao dragão esmeralda, que com os laços formados pela fé humana, se transformou na entidade que acalmou as feras, os deixando num sono profundo - Kairi leu — ao dragão da esperança, se deu o nome de Ray...hm... Ray... que nome esquisito, nem dá para ler direito...

"..." - Mia se debruça sobre o livro, tentando entender a palavra.

— É nome da sua terra?

"...?"

— Kairi, não seja inconveniente... não devia ir para o ginásio? Seu desafio é daqui a 20 minutos - disse, Elena.

— Estava esperando Edna - respondeu.

— Uh? Falando nela, quando acordei já não estava no quarto - comentou, Elena.

"..." - Mia se recorda de a ver sair, mas optou por não avisar.

— Heey, olhem isso - ainda folheando o livro, Kairi chega em uma pagina que a deixa curiosa — o que será que é isto? - Perguntou, virando o livro pra Elena.

— Está escrito numa língua que não entendo, mas está cheio de Pokémon em volta, consigo identificar alguns - ela diz — agora esse do meio é que nunca vi e não se parece com nada que esteja na Pokédex.

"..." - Mia folheia umas páginas, mostrando a mesma gravura mas com o alfabeto atual.

— Crê-se que seja uma representação de Mew, a primeira criação - leu, Kairi — Mew?

— Nunca ouvi falar, nem nos livros do professor Hawthorne - respondeu, Elena.

— O nome é parecido com Mia - brincou, Kairi.

"..." - A loira sorri.

— Bom, Kairi, está se fazendo tarde, vamos logo pro ginásio - falou, Elena. As três se encontram com Kyle no lobby e ao sairem da estalagem, se deparam com nova comoção.

— Groooowl! - Leon e Brayve combatiam uma ave gigante, que rebatia as chamas do cachorro com suas asas massivas.

— KROAAAAH - A ave energiza suas asas para as usar como escuto, se defendendo assim das chamas lançadas pelo cachorro de Leon.

— Seu Pokémon é uma vergonha, por que não usa Blackstar e acaba já com isto? - O dono da ave era Don Flaco, que provocava Leon com um sorriso sádico no rosto.

— Leon! - Kairi, Elena e Kyle o chamam, ao mesmo tempo, se chegando perto do líder da Altosk.

— Por favor, saiam daqui, não quero que vos aconteça nada - pediu, Leon.

— Leon, você não pode usar o Blackstar, se o usar... - Kairi treme só de pensar, mas Leon a acalma, sorrindo.

— Não se preocupe, não o usarei aqui - ele diz, descansando a garota.

— Ora, seu clube de fãs veio vê-lo perder, que atenciosas - zombou, don Flaco.

— Deixe-me ajudá-lo - Kyle propôs — juntos venceremos esse bandido.

— Bandido? - O líder se mostrou incomodado — não me confunda com os vira-lata que lida nas suas viagens, garotinho, aqui é Dahngrest, a gloriosa cidade das guildas e eu sou don Flaco, líder da Bloodwing Butterfree e futuro capo da união.

— E lá vai ele fazer monólogo de apresentação... - comentou, Kairi — agora entendo o que Elena queria dizer com aquelas provocações, é realmente ridículo.

— Evoi... - Sora suspira.

— Não acho boa ideia provocá-lo desse jeito — murmurou, Elena.

— Já que seu clube de fãs quer um pouco de ação, por que não deixá-los batalhar em seu lugar? - Provocou, don Flaco, encarando Leon.

— Que tipo de capo seria eu, se deixasse os outros combaterem por mim? - Leon falou, levantando o braço — Brayve, use Fire Fang!

— Tch! - Don Flaco estala a lingua nos dentes, menosprezando Leon e seu Pokémon.

— Grooooowl! - A mandíbula do cachorro é envolta em ardentes chamas, este pula e consegue abocanhar uma das asas do inimigo, mas este facilmente o arremessa contra o chão, sofrendo danos mínimos em sua asa.

— Corleone, use Dark Pulse! - Don Flaco comanda.

—KROOOOOOW!!! - Do bico do Pokémon alado, é disparado um raio de energia negra que se enrola entre si, formando círculos que vão se abrindo em direção a Brayve, acertando-o em cheio.

— Aquele Honchkrow está em um nível muito maior - comentou, Elena.

— Claro que sim - disse, Don Flaco, ouvindo a irmã de Kairi — Corleone está comigo desde que eu e o antigo capo éramos crianças e saímos em jornada pelo mundo - ele recordou — eram bons tempos... infelizmente não pudemos ir muito longe, ninguém queria dois garotos de guildas participando na liga Pokémon, então nos esforçamos para criar nossas guildas, ganhar o respeito das outras e por fim chegamos no topo. Não me importei quando ele virou capo, mas nem pensar que vou deixar esse fracote o substituir.

— Era o desejo do meu pai e eu o vou cumprir - disse, Leon.

— O desejo do seu pai era que você fosse forte e não um garotinho assustado que não sabe tomar decisões pelo bem da união - protestou, don Flaco — você é uma vergonha e não merece seguir as pisadas do meu falecido amigo.

— O Leon não é nada fraco - Kairi se impõe — ele é a pessoa mais corajosa que conheço, ele arriscou a vida dele para salvar Capua Nor e continua o fazendo para limpar o nome das guildas que pessoas como você sujam.

— Vai deixar a garotinha falar por si, ou vai combater como um homem? - Don Flaco provoca, ignorando as palavras de Kairi — talvez precise de motivação - ele estala os dedos e a ave focaliza energia.

— Hooonchkrow!!! - A ave entra em voo picado.

— Kairi! - Leon grita ao perceber que o alvo era a garota.

— EVOOO! - Sora salta para proteger sua treinadora, mas o poder do corvo o supera, acertando-o com a asa na barriga, quebrando alguns ossos da pequena raposa que cai sem sentidos, para desespero de Kairi.

— Sora! - A treinadora corre para o socorrer.

— NÃO LHE MEXA! - Gritou, Elena — ele precisa de um médico, se você lhe tocar agora, pode quebrar a coluna dele - Kairi se chega atrás, não conseguindo olhar para o seu Pokémon que não se mexia.

— Monstro, por que fez isso? - Protestou, Leon, mas o homem apenas ria.

— É para ver que não estou brincando - ele diz, retornando o corvo à pokébola — encare isso como um aviso, Leon. E vocês, clube de fãs, façam o que têm a fazer no ginásio e deixem essa cidade - o vilão dispersa com o resto de sua guilda, Kairi se ajoelha no chão, querendo ajudar seu companheiro, mas não podia nem sequer olhar para ele.

Horas depois, na clinica da cidade...

Após conversar com os médicos, Leon vai até Kairi, que aguardava na sala de espera.

— Como que ele está? - Perguntou, Elena, se levantando.

— Os médicos dizem que não tem nada quebrado, vai tudo ficar bem - Leon informa, deixando o grupo respirar de alivio — mas não vai poder contar com ele neste ginásio.

— Quem é que aquele cara pensa que é? - Enraivecido, Kyle cerra os punhos.

— Ele nem sempre foi assim - Leon comenta — don Flaco e meu pai eram muito chegados e tinham o mesmo objetivo de limpar o nome das guildas, mas desde que meu pai morreu, ele se tornou nesta pessoa amarga.

— Ele não pode continuar machucando as pessoas, não pode - disse, Elena.

"..." - Mia abaixa a cabeça.

— Se ele virar capo, as guildas serão mal faladas de novo - disse, Kyle — minha mãe quis deixar Dahngrest por não achar um bom ambiente para mim... ela tinha razão e você também, Elena.

— Eu cuidarei disto, o reino de terror de don Flaco acaba hoje - o garoto vira-se para a porta, mas sente alguém se agarrando nas suas costas.

— Não faça isso - implorou, Kairi, derramando lágrimas — se usar o Blackstar, você poderá morrer. Quase perdi o Sora, não quero perder você também, Leon! - Ela o aperta com força.

Enquanto isso, don Flaco adentra o ginásio de Sheena, que limpava o ginásio, naquela hora.

— O que está fazendo aqui? Soube o que fez com o Eevee daquela garotinha, não tem vergonha? - Acusou, com o homem demonstrando indiferença.

— Quando a garota vier desafiar o ginásio, você precisa a vencer, não importando o como - ele falou, como se estivesse dando ordens.

— Por que é que eu haveria de lhe obedecer?

— Ora, se quer manter sua posição de líder de ginásio, vai fazer o que eu disser.

— Como ousa me ameaçar?! Este ginásio é do meu clã há mais de 100 anos, nos o fundámos - respondeu, irritada.

— Em breve serei o novo capo, poderei acabar com sua carreira se não me obedecer.

— Leon que será o capo! - Ela diz, enfrentando o homem que volta a gargalhar.

— O aviso está dado, vença ou irá perder o seu posto - voltando a ameaçar, ele abandona o ginásio, deixando Sheena no escuro, até ela ser abordara por Suzu, que assistira a tudo.

— Irmã... - a jovenzinha se aproxima, mas Sheena não queria conversas, se retirando para o interior do edifício.

De volta à clínica, Sora se sentia melhor, apesar de ainda ter o torço com ligaduras.

— Evoi! - A raposa abana sua cauda de felicidade, ao ver Kairi se aproximando de sua cama.

— Sora... eu tive tanto medo... - calmanente, ela abraça o seu Pokémon, que já não sentia dores.

— Ele parece completamente recuperado, será da alta ressonância?

— Talvez, mas agora o importante é Sora ficar em repouso - Elena aconselha, com Kairi o pegando ao colo e o entregando à irmã.

 — Cuide dele durante minha batalha de ginásio - pediu, com a mais velha aceitando.

— Você vai mesmo combater agora? Podemos pedir para adiar... - a cáçula abana a cabeça.

— Nah, eu consigo... por mim e por Sora, irei vencer minha quarta insígnia.

"...!" - Mia dá pulinhos de animação, querendo ver Kairi em ação.

A batalha pela quarta insignia acontecerá no próximo capítulo...

Continua...