Capítulo XXX-3

— Kamo-Kamo! - Ruge o réptiliano escamoso que avança ferozmente contra um outro que se protege com os braços em frente do rosto. O atacante o morde num dos braços, mas este o afasta com um soco enquanto suas garras são o foco do seu Mana.

— Druuud! - Com o braço livre, o outro réptil desfere um potente arranhão na parte de cima da cabeça do oponente, o afundando no chão.

— Phareoh, reaja! - Suando, Asbel tenta comunicar com seu Pokémon caído, mas este não tem muito mais força para continuar combatendo. Do lado oposto da arena de combate, Pegasus observava a situação, bebendo um copo de vinho.

— Dragon Rage! - Com bastante calma, ele comandou, balanceando o copo.

— Goooon! - O Pokémon de Pegasus cospe chamas dracónicas sobre o oponente imóvel, deixando-o sem sentidos. Asbel cai de joelhos, estafado.

— Ainda precisa melhorar muito - comentou, Pegasus, dando um gol no seu vinho — se você quer ser um mestre de dragões, não pode hesitar nem por um segundo.

— Obrigado, pai - Asbel retorna o seu Pokémon à cápsula — quer dizer, mestre - Asbel vira as costas e deixa o pequeno estádio no cimo da montanha, se encontrando com Sophie e Ruca que o esperavam.

— Ele foi muito duro com você? - Perguntou a garota, vendo o companheiro abatido.

— Ainda estou fraco, preciso de mais energia — Asbel responde, quase desmaiando. Ruca o agarra, impedindo-o de cair, mas Asbel o empurra, se aguentando de pé sozinho.

— Não pode continuar batalhando desse jeito, seu corpo não vai aguentar, irmão - o loiro se mostra preocupado.

— Naquele dia em Caer Bocram, quase morremos por causa de Volcanion - Asbel se encosta no portão do estádio e foca no céu — se eu tivesse sido mais forte, teria conseguido o capturar e trazer ao pai.

— Não pode continuar se culpando por isso - disse Sophie — todos falhamos, não só você.

— Eu sou o mais velho, é minha responsabilidade olhar por vocês - Asbel continua — tenho de ser mais forte e encontrar uma fonte de Mana para o pai - ele cerra os punhos e começa a descer as escadas, rejeitando ajuda dos irmãos que o olham, preocupados. Sem que eles percebessem, uma estranha figura encapuçada os observava à distância.

"..."

Haviam se passado 3 dias desde os acontecimentos em Dahngrest, Kairi e Elena se separaram de Edna e Kyle para agora voltarem à cidade de Zephyr, onde tudo começou para elas.

O balão da Altosk chega, por fim, à capital e esperando as duas treinadoras estava o famoso professor Hawthorne que as queria receber pessoalmente.

 — Que bons olhos as vejam, garotas, espero que a viajem tenha sido boa - o professor se encontra com as irmãs.

— Correu tudo bem, professor - disse Kairi, animada.

— Evovoi! - Sora demonstrava muito entusiasmo ao descer do balão.

— Terra firme... é um milagre - Elena se deita no chão, abraçando o gramado, deixando o professor confuso.

— Yiip! - Flash, o Yamper, havia acompanhado Elena e Kairi na viajem.

— O-o que deu nela? - Perguntou, cutucando Kairi que ri.

— Hm... digamos que teve alguma turbulência durante a viajem e ela ficou vendo vídeos sobre desastres aéreos - disse Kairi, provocando risos em Sora. 

— Oh... uh... bom, meu carro está do outro lado do aeródromo, vou levar vocês até casa - disse o professor.

E assim, o professor as leva de carro até casa, já fazia um tempo desde que Kairi havia passado pelas ruas de Zephyr.

— Que estranho - ao colocar a chave na porta, Elena se apercebe que a porta não está trancada e ao entrar em casa, repara em como esta está limpa — será que mamãe e papai estão de volta?

— Evoi- Evoi! - Sora pula para o chão, contente por voltar a casa.

— Sobwo! - Phi e Flash o seguem correndo pela sala até que...

— NÃO QUERO CORRERIAS NA SALA, ACABEI DE LIMPAR!!! - Uma voz aguda ecoa pela casa, perfurando os ouvidos de Kairi e Elena como mil flechas ardentes.

— N-não pode ser... - Elena treme.

— Não... ela não... - Kairi se abraça à irmã e Sora se esconde atrás delas, deixando Phi e Flash sem entender nada.

— Voi... - Sora geme quando ouve os passos da figura medonha se aproximando. 

— É mesmo ela... - Elena fecha os olhos.

— A imperatriz do mal... - Kairi esconde o rosto na blusa de Elena.

— A tenebrosa que matou 200 dragões com apenas um grito...

— A implacável que acabou com as bruxas só porque elas decidiram comentar sobre seus sapatos.

— Prefiro enfrentar 20 Hoopas a isto...

— Ebui...

— Avó! - Falam as duas em conjunto.

— Quanta barulheira, venham dar um beijo a sua avó - uma velhinha com ar simpático caminha a passinhos pequenos.

— Olá avozinha... - As duas se chegam à senhora que sorria. Até que esta as acerta com sua bengala na cabeça.

— Evee...! - Sora se esconde para não apanhar, Phi e Flash o seguem.

— Isso é para aprenderem a não falar mal da vossa avó, mais respeito pelos idosos, mocinhas  - ralhou a velha, com as duas agachadas no chão com enormes galos crescendo nas cabeças — e nem se atrevam a sangrar, isso vai sujar meu chão que acabei de limpar! - É então que o professor Hawthorne chega.

— Estava um caos para estacionar - ele repara na velhinha que o recebia — professora Magnolia, quanto tempo - ele cumprimentou.

— Olha só, professor Hawthorne, já vão uns anos - simpática, ela convida o professor a entrar — venha, venha, fiz chá e bolinhos.

— Bolinhos de canela - sentindo o cheiro, Kairi se levanta e corre para a cozinha, sendo agarrada pela avó e atirada de volta para trás.

— Você não! - Repreendeu a avó, seguindo com o professor para a sala de chá.

— Kairi quer bolinho de canela... Kairi quer... - choraminga a treinadora.

— Dificil acreditar que a avó e o professor Hawthorne sejam amigos desde infância.

— Sobble - Phi sente o aroma dos bolinhos e fica encantado. As duas irmãs espiam os professores que tomavam o chá, confortavelmente no sofá.

— Yiip! - Flash é o unico com coragem de entrar e subir para o sofá, lambendo a mão da avó.

— Que amor, quer bolinho com doce de morango?

— Yiip!

— Até têm doce de morango? - O estômago de Kairi ronca.

— Aquele cachorro é um vira casacas! - Comentou Elena ao ver Flash junto do "lado inimigo"

— Ele seguiu Mia por causa de comida e veio com você pela mesma razão, o que é que achou? - Kairi fita o Pokémon que se deliciava com um prato de bolinhos.

—Yiip!

— Então, professora, como tem corrido suas pesquisas? - Perguntou o professor, levando a chávena à boca — se a memória não me falha, a senhora estava seguindo pistas para o seu livro sobre a origem da mega evolução, não é verdade? - Kairi fica intrigada ao ouvir o professor falando daquele assunto e se recorda do livro que Mia lhe mostrou em Dahngrest. A avó confirma, acenando com a cabeça.

— Se tudo correr como planeado, meu próximo volume sairá por altura do Natal - respondeu — encontrei umas ruínas com umas gravuras interessantes, mostrando os templos do oceano, da terra e um outro que segundo as gravuras, se encontra no céu.

— O templo do céu? - O professor fica curioso — durante anos pesquisamos sobre a possibilidade da tal cidade flutuante, mas nunca encontrámos qualquer vestígio.

— Cidade flutuante? - Kairi se recorda de algo e corre para a sala, abrindo sua mochila.

— Está procurando o que? - Perguntou Elena, vendo a garota atrapalhada.

— Onde está? Ele devia estar aqui?

— Kairi, o que aconteceu?

— Elena, mexeu no diário do Seymour? - Perguntou.

— Uh? Não, você ficou o guardando e nem mostrou a ninguém...

— Oh não... devo de o ter perdido...

— Qual o problema, estava assim tão interessada nas memórias daquele creep?

— Não está entendendo, Elena, naquele diário ele falava sobre uma cidade flutuante, tal como a avó mencionou - ela explicou, desconhecendo a verdade que durante a festa de Dahngrest para nomear Leon como o capo da união das guildas...

Misturado com a plateia assistindo, um garoto de cabelos prateados rouba o diário de Seymour de dentro da mochila de Kairi sem que esta notasse.

— Droga... aquilo talvez pudesse ajudar a avó - a garota senta-se, desistindo.

— Se não fosse tão distraída... - Elena abana a cabeça — agora acho que deveria descansar para amanhã, Estelle não é nenhuma amadora.

— Eu sei, irei me preparar - a garota diz. Nesse momento, o celular do professor toca e ao atender, este recebe terriveis noticias.

— É o alarme do meu laboratório - Hawthorne se levanta — alguém entrou sem autorização.

— Então vamos ver o que aconteceu - disse Magnólia.

— A gente também vai, não é, Elena? - Kairi se apronta e a irmã assente. O grupo sai de casa para o carro do professor, deixando apenas Flash sozinho.

— Yamp! - Vendo que todos tinham ido embora, o cachorro pula para a mesa e se joga de boca sobre os bolinhos de canela.

O professor acelera pelas ruas de Zephyr e ao chegar no laboratório, ainda conseguem ver a figura escapando pelo telhado.

— Hey, eu conheço aquela! - Kairi grita, apontando para cima, identificando a mulher que subia ao topo do laboratório com um saco, cheio de coisas roubadas, nas costas.

— Olha só, nossa companheira de aventura e seu Eevee especial - ela diz, reconhecendo Kairi do laboratório em Heliord, de onde roubou um manuscrito. Então ela repara no sinal em forma de lua que Sora possuía — a cria da lua? - Surpreendida, murmurou.

— Não sou sua companheira de nada, Sora, use Shadow Ball! - Comandou, com Sora pulando de sua cabeça e inspirando o mana.

— Evoooi! - A raposa produz uma esfera de energia púrpura e a joga contra a ladra.

— Whiis! - No entanto, um Pokémon surge junto da mulher, bloqueando a bola de energia que se desfaz em plasma quando toca no corpo do rosa.

— Ela tem um Pokémon do tipo normal - Kairi range os dentes — Sora, Quick Attack!

— Aster, use Uproar - Zinnia comandou.

— Evovoi! - Sora sobe pelo edifício a grande velocidade.

— MUUUURR! - Mas o Pokémon rosa solta um berro que produz uma imensa quantidade de energia, desequilibrando Sora e o atirando contra o chão.

— Obrigada, professor Hawthorne, graças a você poderei recriar o Soul Heart - as palavras da mulher surpreendem o professor.

— Q-quem é você? - Perguntou o velho, atrapalhado.

— Meu nome é Zinnia - ela diz, sorrindo — bye bye! - Antes de virar costas, ela troca olhares com a avó de Kairi que solta um sorriso.

— Aiii eu vou atrás dela!!! - Kairi ia correr, mas Magnólia segura no braço.

— Aquela mulher é forte demais para você - disse a velha professora.

— Ela assim vai fugir - disse Elena, se surpreendendo com a avó abanando a cabeça.

— Ela levou apenas materiais, são bem menos importantes que as vossas vidas, que podem correr perigo se forem atrás delas.

— A vossa avó tem razão - disse o professor, abrindo a porta do laboratório — se o que ela disse for verdade e andar mesmo atrás do Soul Heart, então ela deve ser bem mais poderosa do que qualquer treinador que já tenham enfrentando, incluindo o Seymour - as duas engolem a seco ao ouvir o que o professor tinha a dizer.

— Professor, o que é o Soul Heart? - Questionou, Elena, entrando juntamente com Hawthorne no laboratório.

— Um coração artificial, uma machina Cetra capaz de criar vida - ele diz, chocando Kairi.

— Volcanion... - ao ouvir o nome dito por Kairi, o professor assente — ele também era uma machina Cetra, ele também tinha um Soul Heart?

— É bem possível que ele tenha sido criado com esse mecanismo - o professor senta-se numa cadeira — mas se Volcanion foi destruído, significa que existe outra machina onde Zinnia quer colocar o Soul Heart, temo que um combate esteja para acontecer, uma guerra capaz de levar o mundo ao caos como aquela dos tempos antigos.

— Os erros do passado estão condenados a se repetir - enigmática, a professora caminha de costas voltadas para as netas e Hawthorne, olhando a rua pela janela do laboratório.

Longe do laboratório, nos arredores da cidade...

— Murr murr! - O Pokémon rosa comemora o roubo junto do saco.

— Isso deve chegar para gerar mana puro - Zinnia diz, olhando as coisas roubadas — Magearna nos espera, Aster.


Continua...