Capítulo XL-6

Situada no meio do oceano, a ilha de Pegasus recebia agora as informações do que sucedeu perto de Melemele.

— Então Genesect foi destruído? - Pegasus falava com alguém, via intercomunicador. Ele bate com o punho na sua mesa, frustrado com o que havia descoberto — aquele maldito Colress roubou-o e nem foi capaz de seguir em frente com aquilo para que foi contratado. E agora estamos sem uma das nossas melhores armas - a pessoa, do outro lado da linha, continuava falando pelo auricular do aristocrata — Gladion? - Ouvindo o nome do loiro, Pegasus sorri em tons irónicos — Não se preocupe... é como diz o ditado: Quando se fecha uma porta, abre-se uma janela e se Gladion continua por ai, significa que ela não pode estar longe e sabe o que isso significa? Isso mesmo, meu caro, parece que não precisarei de Genesect para nada, afinal. Embora continue sendo um aborrecimento o que Colress fez.

Enquanto ele continua falando, a informação também chegava ao laboratório de pesquisa de fósseis, onde Heitor e Milena choravam a perda.

— Não é justo... ele ia conhecer o mundo novo - Milena se abraça a um outro Pokémon, se desfazendo em lágrimas enquanto contava suas esperanças para o inseto mecânico.

— Colress... como que nunca percebi que ele era má pessoa? Nunca esperei que nos traisse e roubasse, a culpa é minha - Heitor se lamenta, mas Milena corre para junto ele, encostando a cabeça no seu peito.

— Não se culpe, ninguém poderia adivinhar - ela diz, tentando o tranquilizar. Colress ficou visto como o vilão e os dois cientistas nem desconfiavam dos planos que Pegasus teria para a criatura, conhecida por Genesect — e-eu acho que devemos lançar toda a informação sobre ele, para que as pessoas conheçam Genesect como nós o conhecemos - sugeriu.

— É uma boa ideia, irei falar com o professor Hawthorne e enviar tudo o que temos sobre ele. Será uma boa forma de Genesect ser imortalizado junto dos Pokémon desse mundo.

— Será a nossa homenagem - Milena sorri, limpando as lágrimas e os óculos — ele não verá o novo mundo, mas o novo mundo conhecerá o milagre que ele foi.

No cemitério de Melemele, Kairi segura uma caixa de pedra, com o nome Genesect, enterrando-a do lado de uma capela. Ela se levanta, limpa o rosto e se vira para Hala, que a acompanhava, junto de Kukui, Burnet e Hau.

— Evee - Sora se esfrega nas pernas da treinadora, tentando anima-la e ela o pega ao colo.

— Obrigada por me ter deixado fazer isto, senhor Hala - Kairi esboça um sorriso triste e o Kahuna a dá um cafuné. 

— Esta capelinha pertence à minha família. Uma geração inteira de Kahunas que protegeram a ilha de Melemele dos perigos. Genesect também a protegeu, dessa vez e visto que meu filho e meu neto não se opuseram, eu quero que ele faça parte da minha família e que descanse junto dos grandes kahunas do passado.

— Não tem honra maior em Melemele do que ser reconhecido pelo Kahuna, bem vindo à família, Genesect - Hau se abaixa junto de onde Kairi enterrara a caixa e sorri.

— Ninguém o esquecerá, yeah? A lenda de Genesect irá viver para sempre - Kukui diz, animando Kairi que de repente recebe um sinal na porydex.

— Uh? - Ela o liga.

— Pory update 4.0: Informação atualizada - o aparelho fala, exibindo a imagem do metálico, surpreendendo Kairi — Genesect, o Pokémon do paleozóico: Este Pokémon existiu à 300 milhões de anos atrás e era temido como um dos maiores caçadores da sua espécie. 

— O professor Hawthorne recebeu informação sobre ele? - Kairi se questiona, não entendendo bem o que tinha acontecido, mas ficando feliz pelo Pokémon ser lembrado pela história.

— Bom, vamos voltar a casa, foi um dia cheio de emoções e precisamos de descansar - sugeriu, Burnet, com todos concordando.

— Hey, alguém viu a Lillie ou a Patty? - Kairi perguntou e Burnet assente.

— Lillie foi para a montanha com Gladion, acho que precisavam de conversar - disse — já Patty quis ficar na praia, ela voltou estranha do templo do mar. Espero que não esteja traumatizada.

No jardim de flores de Melemele, Lillie corre atrás do irmão.

— Por que é que tem que ir? Gladion, eu acabei de o reecontrar e não o quero perder de novo - Lillie suplica, puxando pelas costas do casaco de Gladion.

— A esta hora, aquela pessoa já deve saber do que aconteceu e não vai tardar a vir atrás de mim e do Silvally - explicou, num tom frio e distante.

— Mas se ele vier, eu também vou estar em perigo - ela diz, com o garoto abanando a cabeça.

— Ninguém desconfia que você esteja aqui, mas talvez fosse boa ideia procurar outro esconderijo - ele sugere, mas ela rejeita.

— Não me quero separar da senhora Burnet, do Kukui e nem do Hau, estas pessoas foram muito boas para mim, me ajudaram quando mais precisei e nem cobraram explicações sobre o Nebby. Não as posso abandonar e você também não devia o fazer. Vamos contar tudo para eles, de certeza que nos protegem.

— Você é demasiado inocente, Lillie - ele se desprende da irmã e continua andando — você sabe o que Cosmog significa para ele, se ele sequer desconfiar, incendiará toda a ilha com todo o mundo cá, independente de serem ou não inocentes.

— Gladion... - a garota chora — então vamos os dois, nos escondemos em qualquer outro lugar.

— Não vai resultar - ele diz, com frieza — Silvally está forte, mas ainda não o suficiente. Se queremos encontrar a paz, temos de nos tornar mais poderosos e isso ainda pode demorar.

— Gladion... - ela tenta o segurar de novo, mas este continua se afastando.

— Aquela garota falou que estava participando na liga, não foi? - Ele muda de assunto e Lillie assente.

— Fala de Kairi? Sim, ela está... mas por quê?

— Aquele Eevee dela é bem poderoso, não só ele mas a forma como os Pokémon dela lutam, é como se estivessem todos em sintonia - Gladion diz — talvez eu deva também participar nessa liga, poderá ser a forma perfeita para Silvally ficar mais forte... uh? - O garoto sente o seu companheiro nervoso dentro da pokébola e resolve o libertar — Lillie, olhe! - Ele aponta para cima, onde Silvally rosnava.

— É uma fenda no céu! - Lillie identificou, com Nebby também ficando nervoso e querendo sair da mala, que esta fecha com mais força — não, não pode sair agora.

— Lillie, fuja! - Gladion grita, mas ela tenta correr até ele.

— E você, Gladion?!

— Eu fico bem, não se preocupe, agora corra e não olhe para trás! 

— Graaawrrrr!!!! - O Pokémon de Gladion vê algo tentando sair pela fenda que se abrira no céu, deixando o seu treinador e a garota mais apreensivos.

— Gladion...

— Saia daqui agora!!! - Gladion berra e a sua irmã corre em lágrimas, enquanto aperta a mala para Nebby não sair.

— Grrrr! - Silvally rosna.

— Não esperava ter de combater um destes tão cedo... - ele diz, se acalmando — sabe o que tem a fazer, Silvally.

— Groooooah!!!! - O Pokémon solta um urro e ataca a coisa que tentava passar através da fenda no céu, tudo isto sob olhar atento do guardião da ilha.

— Ko-ko... - o tapu observa o confronto que iria acontecer naquele jardim, ficando confuso sobre o que era aquela energia que vinha da fenda e isso o perturbava.

Por sua vez, Patty, caminhava pelo areal da praia deserta, uns metros à frente da casa de Kukui. A jovem pirata suspirava ao molhar os pés no mar e em suas mãos tinha uma garrafa de vidro com um papel dentro.

*sigh* - ela espera a maré descer para deixar que esta levasse a garrafa para destino incerto. Patty senta-se no areal, vendo a garrafa se afastando — avô, não consegui encontrar a Maris Stella, mas não vou desistir de a procurar... eu preciso de saber... - a jovem aventureira murmurava sozinha quando Kairi e os outros chegam à praia e a chamam.

— Hey, Kairi - Hau chamou, antes que esta entrasse em casa — que tal termos uma batalha agora? - Sugeriu, confiante.

— Uh? Tem a certeza? - Kairi o questiona, desviando o olhar para Hala que cruza os braços.

— Vocês sabem o que sinto em relação a usar Pokémon para combater, mas depois de tudo o que aconteceu... eu fecharei os olhos dessa vez - ele sorri e os dois treinadores o agradecem, correndo para a praia.

— Olha só como Hau está entusiasmado - comentou, Burnet que se encontrava do lado de Kukui que não escondia a felicidade.

— Ruff! - Balto abana a cauda, contente por começar uma nova batalha. Por sua vez, Kairi ajeita o seu boné e puxa de uma pokébola enquanto Sora fica assistindo ao colo de Burnet.

— Evoi-evoooi! - Sora deseja boa sorte e a treinadora revela a sua escolha.

— É hora de usar o nosso novo parceiro... Rocky! - Ela atira a cápsula para cima, libertando o caranguejo que capturará mais cedo na montanha.

— Craabrawler! - Rocky dá uma pirueta no ar, antes de aterrar com suas grandes garras cravando na areia, fazendo sua entrada parecer maior do que o que realmente foi.

— Temos aqui um exibicionista... - comentou, Kukui.

— Pronto para começar, Balto inicie com Rock Throw! - O moreno comanda, pegando logo na dianteira e o seu cachorro foca seu mana em sua coleira de pedras, fazendo-as brilhar.

— Rufff! - Balto dispara várias pedras pontiagudas, produzidas pelo mesmo.

— Rocky, responda com Power-Up Punch! - Kairi comanda, erguendo o braço e o caranguejo foca a energia em seus punhos.

— Brawler! - Muito rápido, ele soca as pedras, desfazendo-as com facilidade em grãos de areia.

— Growl, agora! - Hau não perde tempo e o cachorro enche o peito.

— Roooufff! - O berro de Balto produz ondas sonoras que envolvem Rocky numa aura transparente, onde ele fica se sentindo mais cansado.

— Usando o Growl ele conseguiu com que o poder acumulado pelo Power-Up Punch fosse anulado - Kukui parecia impressionado com a perspicácia do filho.

— Bubblebeam, agora! - Kairi ordena e Rocky volta o seu foco para as suas pinças.

— Craaab! - Ele dispara dois jatos de bolhas de água que se unem em uma grande espiral.

— Sand Attack! - Hau tenta algo para se defender.

— Ruff! - O cachorro afunda as patas traseiras na areia e forma uma barreira, mas as bolhas conseguem na perfurar e Balto é atingido em cheio, sendo empurrado até junto do mar.

— Continue, Rocky, use Power-up Punch! - Kairi aponta para o cachorro e o caranguejo se lança com os seus punhos brilhando.

— Use Bite! - Hau pede de imediato.

— Brawl! - Rocky tenta desferir um soco no cachorro que abre a sua boca.

— Rowwk! - Balto abocanha o punho de Rocky e arremessa o caranguejo contra a areia, não percebendo que ele carregara também o outro punho.

— Brawler! - Com a pinça livre, Rocky soqueia Balto no dorso, o atirando pelo ar.

— Não desista, use Rock Throw! - Hau pede, com o cachorro ainda no ar.

— Ruuuf! - Muito rapidamente, Balto, consegue formar seu colar de pedras e as lançar sobre o seu oponente.

— Brawl! - Este deixa os punhos na frente do rosto, tentando se proteger dos calhaus que desciam como meteoritos.

— Balto, use Bite, agora! - Hau comanda e o cachorro inicia a descida na direção da nuvem de poeira que havia se levantado. 

— Power-up Punch! - Kairi esboça um sorriso e comanda.

— Craabrawler! - Sem o cachorro perceber, o caranguejo pula pela nuvem, pegando o oponente de surpresa e o socando com imensa força, acabando por o arremessar contra o solo.

— Ruu... - Balto não consegue mais se levantar e Kukui levanta o braço para sinalizar o fim do combate.

— Evooi! - Sora pula dos braços de Burnet para comemorar com Kairi e Rocky.

— Você foi incrível, Rocky! - Kairi elogia, com o Pokémon dando socos no ar. Hau se ajoelha junto de Balto e o pega nos braços e quando repara no horizonte, o sol já se vai pondo.

— Foi um bom combate, meninos. Agora vá, lavar as mãos e vamos para a mesa - disse Burnet, sorrindo para os dois.

— Yeah! Está ficando tarde, vamos jantar - Kukui diz, com Hau se levantando.

— Pai... mãe... avô - o tom sério no rosto do moreno, deixa os adultos curiosos — eu quero iniciar uma jornada com Balto - essas palavras radiam Kukui.

— Está falando sério, filhão? - Hau assente à pergunta do pai. Kukui olha para Hala que parecia não se opor.

— Kukui, meu rapaz, eu o fiz sofrer muito quando o obriguei a ficar na ilha e a liderar quando eu me for. No entanto, esse  nunca foi seu sonho e ontem Hau me procurou, dizendo que ele iria treinar para me suceder.

— Ontem? - Kukui olha para o filho.

— Quando levei Kairi às ruínas do conflito - Hau disse — eu vi como você ficou feliz por conhecer uma treinadora, que tudo o que tinha vivido havia voltado à sua memória, então pedi ao avô para te deixar sair em jornada, tentar de novo e eu treinaria muito para me tornar forte como ele e ocupar a posição de kahuna, um dia - as palavras do menino emocionam o pai — é por isso que, eu vou sair em viajem com Balto, vamos nos tornar mais fortes, superaremos até o avô. E você pai, quero que encontre seu antigo time, os reúna de novo e volte à sua jornada.

— Hau... - emocionado, Kukui deixa sair uma lágrima e é abraçado por Burnet.

— Nosso garoto está tão crescido - ela diz, contente. O marido concorda.

— Isso quer dizer que vamos viajar juntos? - Kairi pergunta, mas o garoto nega com a cabeça.

— Essa jornada é algo que preciso fazer sozinho - ele diz — se nossa batalha me mostrou algo é que eu ainda tenho muito para aprender e se viajar com você, vou acabar por atrapalhar seu treino e depender de si para me proteger. É por isso que vou apenas com Balto.

— Ruff! - O cachorro concorda, lambendo o rosto do moreno.

— Bom, assim sendo vamos todos tomar uma bela refeição e eu amanhã prepararei lanches para todos quando partirem - a mãe de Hau já fazia os planos, quando Patty se chega à frente, ela que tinha se mantido em silêncio durante a batalha.

— Agradeço a hospitalidade, senhora, mas preciso mesmo de ir - disse a pequena aventureira.

— Sério? Já quer ir embora? - Burnet se mostra algo triste.

— Vamos esperar até amanhã, Patty - Kairi pede, mas a garota abana a cabeça.

— Se quiser ficar, pode, mas... eu preciso mesmo de voltar ao mar - ela insiste.

— Bom... então também irei - Kairi diz, se dando por derrotada e olhando para o cimo da montanha — queria me despedir de Lillie...

— Fico com pena que assim seja, mas é a vossa decisão - Burnet diz e as duas se despedem da família.

— Continuem de cabeça erguida, garotas, o mundo é um lugar vasto mas de certeza que voltaremos a nos encontrar. Tapu Koko vos pôs no caminho dessa ilha com um propósito e por isso serão sempre bem vindas na minha casa - Hala diz, acenando para as duas.

— E pode crer que vou chegar na liga com um timaço, pronto para a derrotar - Hau desafia, com o cachorro latindo.

— Ah isso é que não me parece - Kairi provoca, com Sora concordando. Kukui ri.

— Estão esquecendo alguém? - Ele se intromete — filhão, você cometeu o erro de pedir ao seu avô que me deixasse voltar à liga, agora se preparem porque não vou facilitar.

— Dê o seu melhor, velhote! - Hau rebate e Kukui o agarra para dar uns cascudos na cabeça do filho.

Depois das despedidas, Patty e Kairi caminham para o Fiertia, quando a ultima se lembra de algo e começa a vasculhar em sua mochila.

— Ah é verdade - Kairi retira uma estrela de cristal do bolso — encontrei isso flutuando quando enfrentamos aquele monstro de água - as pupulas de Patty dilatam ao ver do que se tratava.

— É a... - a piratinha tira o cristal das mãos de Kairi — Maris Stella!!!

— Uh? Então era isso que procurava? 

— A minha memória - as palavras de Patty surpreendem Kairi.

— Quê?

— O que eu procuro... é a minha memória - as duas chegam ao Fiertia, com Kairi não sabendo o que dizer e ao embarcar, Patty não se percebe que leva, escondida no navio, uma carga extra.

Tratava-se de Lillie, escondida por entre os barris de madeira que Patty guardava em um compartimento do navio. A loira se segura à mala onde Nebby dormia, decidindo não avisar as outras da sua presença.

No próximo capítulo... Patty